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Livro mostra como mamíferos superaram dificuldades e dominaram o planeta v528

Após a extinção dos dinossauros, essa classe de animais viveu uma verdadeira odisseia, retratada em obra que traz lições do ado para o futuro 2i1x17

Por Diogo Sponchiato Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 17 jun 2024, 18h25 - Publicado em 16 jun 2024, 08h00

Parecem criaturas e paisagens extraídas de um filme de fantasia, mas são cenas reconstruídas por um cientista em cima de um farto trabalho de campo e laboratório com fósseis de milhões de anos. Ao rebobinar o fio da história, o paleontólogo americano Steve Brusatte revela, em Ascen­são e Reinado dos Mamíferos (Editora Record), a jornada de aventuras, turbulências e êxitos pela qual ou essa extensa e diversificada classe de animais. Numa narrativa didática e repleta de descrições vivas e minuciosas, o leitor acompanha a longa trajetória evolutiva que permitiu ao grupo que reúne desde elefantes e baleias até homens e morcegos crescer, aparecer e prosperar, deixando pelo caminho incontáveis espécies extintas. “Eu acredito que mamutes-lanudos e tigres-dentes-de-sabre são quase tão icônicos e famosos quanto qualquer dinossauro”, diz o autor, fazendo referência a dois célebres personagens que um dia habitaram o globo.

O AUTOR - Brusatte com um crânio de dentes-de-sabre: saga recontada
O AUTOR - Brusatte com um crânio de dentes-de-sabre: saga recontada (./Divulgação)

Professor da Universidade de Edimburgo, na Escócia, e consultor da franquia Jurassic World, Brusatte tem o talento narrativo e a habilidade de descomplicar uma aula de anatomia, geologia e paleontologia. Roda um filme que começa há 325 milhões de anos com bichos escamosos que foram o último ancestral em comum entre mamíferos e répteis. A partir dos chamados protomamíferos — uma categoria que abrange criaturas espinhudas que mais evocam dinossauros —, o relógio da evolução acompanhou as mudanças no clima e na face da Terra, consolidando as características notáveis dos Mammalia, caso da cobertura de pelos e do aleitamento materno. Mas o grande marco viria a ocorrer 66 milhões de anos atrás, com a queda do asteroide que dizimou tiranossauros rex, triceratopes e outros sáurios. Pequenos mamíferos que lembravam roedores, mais hábeis a se esconder dos cataclismos e com menos massa para regular a temperatura corporal diante dos extremos, sobreviveram às feras assombrosas no novo e árduo mundo que se instaurou.

PEQUENO NOTÁVEL - O “castor primordial”: fósseis e reconstrução de mamífero que sobreviveu aos dinos
PEQUENO NOTÁVEL - O “castor primordial”: fósseis e reconstrução de mamífero que sobreviveu aos dinos (Steve Brusatte/University of Edinburgh; Sarah Shelley/University of Edinburgh/.)

Sem dinossauros à vista, a grande família se expandiu em todos os sentidos — por terra e mar. Com o tempo, os animais ficaram maiores, no topo da cadeia alimentar, e dominaram os ecossistemas. Com o resfriamento do planeta, a Era do Gelo de milhares de anos atrás aria a abrigar criaturas hoje lendárias, que, mais recentemente no cronômetro histórico, até chegaram a conviver com os anteados do homem — para o azar delas. “Quando mamutes e dentes-de-sabre vagavam pela terra, também existiram outros mamíferos gigantes: rinocerontes peludos, castores do tamanho de humanos, veados com chifres maiores que uma mesa de jantar, tatus do tamanho de um Fusca”, descreve Bru­satte, particularmente fascinado pelas preguiças de 3 metros que se arrastaram pelas Américas. A elevação da temperatura global por causas naturais e a atividade humana, porém, levariam muitos desses seres ao desaparecimento. O fato é que, durante uma importante janela de tempo, os mamíferos tiveram a oportunidade de se adaptar, se diversificar e se consolidar. Um símbolo majestoso disso ainda hoje nada pelo oceano — apesar da ameaça de extinção. É a baleia-azul, que, com suas 180 toneladas e 30 metros de comprimento, é o maior animal de todos os tempos, sobrepujando inclusive os dinossauros pescoçudos.

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COLOSSO - Baleia-azul: com até 30 metros e 180 toneladas, a maior criatura da história
COLOSSO – Baleia-azul: com até 30 metros e 180 toneladas, a maior criatura da história (Sciepro/SPL/Getty Images)

A epopeia traçada por Bru­sat­te também oferece aprendizados para o presente e vislumbres para o futuro. “O aquecimento global não é algo novo. Já aconteceu outras vezes, só que por razões diferentes, como a erupção de vulcões, não pelos seres humanos emitindo gases do efeito estufa”, afirma o cientista. No livro, ele conta como esse fenômeno propiciou que muitos mamíferos encolhessem a fim de sobreviver às intempéries. “Animais menores dissipam o calor com mais facilidade.”

ASCENSÃO E REINADO DOS MAMÍFEROS, de Steve Brusatte (tradução de Alessandra Bonrruquer; Editora Record; 462 páginas; 89,90 reais)
ASCENSÃO E REINADO DOS MAMÍFEROS, de Steve Brusatte (tradução de Alessandra Bonrruquer; Editora Record; 462 páginas; 89,90 reais) (./.)
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Com as calotas polares derretendo e a destruição dos hábitats, há boas chances de essas cenas se repetirem. “Como paleontólogo, me sinto mais confortável olhando para o ado do que prevendo o futuro”, diz. “Mas, ao rever a longa história da Terra, podemos ver como os animais responderam às mudanças climáticas e tentar compreender o que virá.” A VEJA Brusatte descreve o que imagina para dentro de 1 000 anos, mesclando toques de pessimismo e otimismo: “Vejo um mundo muito mais quente, que ou por turbulências, mas é resiliente. Algumas espécies morreram, como ursos-­polares, elefantes e rinocerontes. E outras se adaptaram, tornando-se menores. Os humanos também estão lá, utilizando novas fontes de energia que não destroem o planeta”. Tomara.

Publicado em VEJA de 14 de junho de 2024, edição nº 2897

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