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Tesouro espanhol de mais de 3 mil anos guardava ferro vindo do espaço 5i3q5

Objetos analisados por cientistas foram forjados com ferro de meteorito, o que indica habilidades metalúrgicas surpreendentes para a época 50223g

Por Ligia Moraes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 9 jun 2025, 12h34

Um novo estudo realizado por arqueometalurgistas espanhóis aponta que dois objetos do Tesouro de Villena — um dos mais importantes conjuntos da Idade do Bronze na Europa — foram forjados com ferro meteorítico. O material, vindo do espaço e com alto teor de níquel, é diferente do ferro extraído da crosta terrestre. A descoberta reforça a ideia de que as técnicas de metalurgia da época eram mais avançadas do que se supunha e insere a Península Ibérica na seleta lista de regiões onde esse tipo de ferro foi usado antes mesmo da Idade do Ferro. Os dados foram publicados na revista científica Trabajos de Prehistoria.

O que é o Tesouro de Villena? 4w1s56

Descoberto em 1963 na cidade de Villena, em Alicante, na Espanha, o Tesouro de Villena reúne 66 artefatos, em sua maioria de ouro, e é um marco da metalurgia pré-histórica europeia. Entre as peças estão tigelas, pulseiras, colares e objetos de função incerta, todos associados à elite de sociedades do final da Idade do Bronze. Acredita-se que tenham sido enterrados intencionalmente entre 1400 e 1200 a.C., embora o contexto exato do achado — isolado de sítios arqueológicos mais amplos — torne a datação um desafio.

Duas dessas peças, no entanto, sempre causaram controvérsia: um bracelete em forma de anel aberto e uma pequena semiesfera oca com decoração em ouro. Ambas apresentam aspecto ferroso e sinais de forte oxidação, o que parecia contradizer a datação atribuída ao restante do conjunto, anterior ao início da produção sistemática de ferro terrestre na região, por volta de 850 a.C.

Ferro do espaço? p3u6f

Para investigar a origem do material, os pesquisadores realizaram análises por espectrometria de massa (LA-I-MS) e fluorescência de raios-X. O resultado apontou teores de níquel compatíveis com o ferro encontrado em meteoritos metálicos, também conhecidos como sideritos. A semiesfera apresentou cerca de 5,5% de níquel, enquanto o bracelete mostrou entre 2,8% e 5,3%, conforme medições feitas em diferentes profundidades. Esse tipo de composição é raro na crosta terrestre, mas típico de meteoritos que caem na Terra e são ocasionalmente reaproveitados por sociedades antigas.

Embora a intensa corrosão possa ter alterado os níveis originais de alguns elementos, as proporções de níquel, ferro e cobalto se alinham às características de objetos antigos comprovadamente feitos com ferro meteorítico, como a adaga de Tutancâmon e contas de colares egípcios datados de 3200 a.C.

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Bracelete de 8,5 centímetros de diâmetro foi identificado como uma das peças do Tesouro de Villena forjadas com ferro de meteorito
Bracelete de 8,5 centímetros de diâmetro foi identificado como uma das peças do Tesouro de Villena forjadas com ferro de meteorito (Museu de Villena/Reprodução)

Uma tecnologia surpreendente 26p1h

A presença de ferro meteorítico no Tesouro de Villena não apenas resolve a dúvida sobre a origem das peças como também indica um domínio técnico notável por parte dos artesãos ibéricos da época. Trabalhar com esse tipo de ferro exigia habilidade para moldar o material em objetos ornamentais, ainda que em pequena escala, já que não se conhecia ainda o processo de fundição de ferro.

A descoberta coloca a Espanha no grupo de regiões com evidências claras do uso desse tipo de metal antes da chamada Idade do Ferro. Até agora, artefatos similares haviam sido identificados no Egito, na Síria, na Suíça e no Marrocos.

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O estudo aponta que as duas peças de Villena são as primeiras com ferro meteorítico confirmadas na Península Ibérica e podem ser datadas com segurança no Bronce Tardío, entre 1400 e 1200 a.C.

Os autores alertam que os resultados ainda não são conclusivos — devido ao estado de conservação das peças —, mas sugerem o uso de técnicas não invasivas mais recentes para reforçar a hipótese. Entre elas estão métodos baseados em tomografia computadorizada, radiografia com muons e espectrometria gama, que permitiriam examinar camadas internas sem danificar os artefatos.

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