Namorados: Assine Digital Completo por 1,99
Imagem Blog

José Casado 5v1o4

Por José Casado Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Informação e análise

A chance 4591n

Se quiser, Lula já pode liquidar com a reeleição 4o3rb

Por José Casado Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 11h25 - Publicado em 4 nov 2022, 06h00

Lula tem a chance de limpar a área nas relações com o Congresso e, ao mesmo tempo, reduzir a margem de risco de imes com o Judiciário.

Ele planeja governar “sem tentativas de exorbitar, intervir, controlar ou cooptar”. Ou seja, promete seguir a letra da Constituição, cristalina sobre a separação, independência e harmonia entre os poderes.

Tomadas pelo valor de face, as palavras sugerem um presidente eleito disposto a exorcizar assombrações do Planalto, como aquelas que pariram escândalos do mensalão, do petrolão e, sob Jair Bolsonaro, do orçamento secreto, ou paralelo.

Sobram-lhe motivos para esconjurar malfeitorias como as ocorridas entre 2003 e 2010. Justa ou injustamente, elas roubaram-lhe 580 dias de vida. Absolvido ou não nas urnas, Lula tem uma bela oportunidade de mudar maus hábitos e costumes na política nacional: basta assumir com o Congresso um compromisso real, efetivo e imediato sobre o fim da reeleição.

Desastres na história brasileira costumam derivar de crises econômicas e sociais. O da reeleição é uma exceção. É ruína produzida exclusivamente no jogo político. Há um quarto de século intoxica presidentes, governadores e prefeitos, levando-os ao delírio da permanência no poder.

Continua após a publicidade

O impacto é crescente nos cofres públicos. Neste ano, o custo dos projetos de reeleição do presidente, de 509 deputados federais e senadores, e de vinte governadores deve ultraar 200 bilhões de reais. Bolsonaro perdeu, mas 59% dos parlamentares federais e 90% dos governadores se reelegeram.

Os gastos confirmam a eleição brasileira como uma das mais caras do planeta. Numa conta de padaria, torrou-se dinheirama 55% maior que o orçamento anual da Educação. É paradoxal num país onde metade dos eleitores não terminou o ensino médio e 35% nem sequer concluíram o ciclo fundamental.

Isso equivale a 39 bilhões de dólares, ou seja, o dobro do excepcional lucro da Petrobras no ano ado. Tem a dimensão do buraco identificado pela equipe de Lula no Orçamento de 2023, o primeiro do novo governo.

Continua após a publicidade

“Se quiser, Lula já pode liquidar com a reeleição”

A reeleição começou a ser parida em 1994, com a redução do mandato presidencial de cinco para quatro anos. Na época, Lula reunia 40% das intenções de voto. Acabou atropelado por Fernando Henrique Cardoso, patrono da nova era na economia de um país exaurido por aguda crise inflacionária.

Com um semestre no poder, o “homem do Real” plantou a ideia do segundo mandato. Numa noite de inverno em Brasília, na terça-feira 11 de julho de 1995, viu a proposta florescer na Praça dos Três Poderes: “Assunto delicado, acho difícil por causa da cultura política brasileira e não me comprometo a ser candidato. Vejo uma vantagem: a de que assim os outros se assustam e não lançam uma candidatura desde já”. Com três dúzias de palavras, em memórias gravadas, mascarou seu pecado favorito — a vaidade.

Continua após a publicidade

A reeleição adornou a Constituição em 1997. Fernando Henrique precisou de 23 anos para itir: “Historicamente foi um erro”. Ficou oito anos no poder, assim como Lula, o sucessor. Dilma Rousseff teve cinco anos, interrompida por impeachment. Bolsonaro foi contido pelo efeito de uma novidade: a insurgência eleitoral contra o atraso.

Anúncio de fim da reeleição tem sido recorrente em discursos de candidatos à Presidência. Lula disse que a liquidaria em 2002. Bolsonaro também: “O que eu pretendo, tenho conversado com o Parlamento, também, é fazer uma excelente reforma política para acabar com o instituto da reeleição, que no caso começa comigo, se eu for eleito”.

Oito dias depois, estava eleito. Quando um repórter lhe perguntou sobre o projeto para acabar com a reeleição, mudou de rumo: “A possibilidade de não concorrer à reeleição é se conseguir fazer um acordo para aprovar a reforma política. Não é apenas ‘eu não vou concorrer à reeleição’”.

Continua após a publicidade

Lula recauchutou a jura de duas décadas atrás com o argumento da aposentadoria em 2026: “Daqui a quatro anos, a gente vai ter gente nova disputando eleições. Vai ter gente nova sendo candidato a presidente. O que eu quero é deixar o país preparado”.

Já pode escolher o dia para pagar a promessa. Basta telefonar ao senador Rodrigo Pacheco e apoiar a votação imediata da emenda constitucional que há meses adormece na mesa da presidência do Senado. Se preferir, pode anunciar um projeto e enviá-lo ao Congresso logo na abertura do expediente da segunda-feira 2 de janeiro. Aos 77 anos, seria prudente começar o terceiro mandato vacinado contra o vírus da SPP, síndrome de permanência no poder.

Os textos dos colunistas não refletem, necessariamente, a opinião de VEJA

Publicado em VEJA de 9 de novembro de 2022, edição nº 2814

Publicidade

Matéria exclusiva para s. Faça seu

Este usuário não possui direito de o neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu

OFERTA RELÂMPAGO

Digital Completo 6o121u

o ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas 1,99/mês*

Revista em Casa + Digital Completo 2g6h51

Receba 4 revistas de Veja no mês, além de todos os benefícios do plano Digital Completo (cada revista sai a partir de R$ 7,48)
A partir de 29,90/mês

*o ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$23,88, equivalente a R$ 1,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.