
Alexandre de Moraes tem dado uma sequência de bolas foras nos últimos tempos, e arrumou mais uma em tabelinha com o procurador-geral da República Paulo Gonet.
Além de dar mais importância para Eduardo Bolsonaro do que ele merece ao abrir – um pediu e o outro instaurou – inquérito contra o deputado licenciado que busca a punição do próprio magistrado no exterior, a ação dá novas munições para a narrativa bolsonarista.
Eduardo Bolsonaro vai dizer que está sendo perseguido politicamente – aliás, já disse aos quatro ventos, falou até em estado de exceção -, alimentando a narrativa persecutória.
Em algum momento, até pela forma como tem sido conduzida nos últimos tempos no STF, as ações podem dar ar de verdade a uma mentira. Eduardo não está sendo perseguido politicamente. Saiu do país porque quis, abandonou o mandato porque quis, mas tem conseguido vitórias políticas, incluindo a declaração de Marco Rubio, secretário de estado americano, sobre Moraes.
O magistrado arrumou um embate internacional com Elon Musk, é processado por uma empresa de Donald Trump, quase criou uma crise diplomática com a Espanha por conta de um bolsonarista de terceira linha, está prestes a ser punido nos EUA e foi criticado até por The Economist.
A publicação afirmou que o ministro tem “poderes surpreendentemente amplos” e “excessivos”, o que gerou a divulgação de uma nota pelo STF. Isso, antes de Jair Bolsonaro ser intimado numa UTI.
Quando o magistrado, mesmo que pelos motivos corretos de punir a sanha golpista da extrema-direita brasileira ou impor regras às redes sociais, exagera na forma é a hora em que faz um grande desserviço: ajuda as fake news bolsonaristas a ganharem força.