Abril Day: Assine Digital Completo por 1,99
Imagem Blog

Matheus Leitão 573a5u

Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Blog de notícias exclusivas e opinião nas áreas de política, direitos humanos e meio ambiente. Jornalista desde 2000, Matheus Leitão é vencedor de prêmios como Esso e Vladimir Herzog

Caminhão de letras (Por Cristovam Buarque) 2i1w6m

Ex-ministro mostra que fome voltou porque ela continua viva e latente na má distribuição de renda. O único remédio é investir em educação 4q6i3z

Por Cristovam Buarque Atualizado em 30 out 2021, 17h29 - Publicado em 30 out 2021, 17h29

Atrás do trio elétrico só não vai quem já morreu e atrás do caminhão de lixo só não vai quem já comeu. O Brasil é o país da alegria e da fome. Com uma população insensível e perplexa por tolerar e não entender a lógica perversa da fome no maior exportador de alimentos, com supermercados abarrotados e a televisão fazendo propaganda de comida e de alta culinária. No Brasil, a fome não é por escassez ou desabastecimento, é por má distribuição da comida disponível, decorrente da má distribuição da renda na sociedade, que decorre da má distribuição do conhecimento que assegure emprego e renda. Nenhum dos que garimpam comida nos caminhões ou latas de lixo recebeu educação de qualidade. Não comem porque são muito pobres e são muito pobres porque não receberam educação de qualidade que o mundo contemporâneo exige para dar emprego e renda.

A fome decorre da recusa nacional em reconhecer o papel da educação como vetor do aumento da renda social e de sua diatribuição com justiça. Não se imagina que é possível oferecer educação de base com a máxima qualidade a toda criança, independente da renda e do endereço da família

Nenhum dos que garimpavam comida atrás do caminhão de lixo concluiu o ensino médio com qualidade necessária para o mundo contemporâneo. “Atrás do caminhão de lixo só vai quem não teve a chance de estudar”. Lembrando a frase da Senadora Heloisa Helena, “se o Brasil adotasse uma geração de brasileiros essa geração adotaria o Brasil” e ninguém mais aria fome no país.

Para isto, o Brasil precisa ser educado na compaixão e na compreensão. Compaixão com aqueles que no celeiro do mundo vão atrás de caminhão de lixo em busca de comida, compreensão de que isto ocorre porque na infância eles não tiveram o a uma escola com qualidade perto. O caminhão de lixo, hoje, substitui o caminhão de letras, ontem. É pela escola que se produz renda e pelo o de todos à educação com qualidade que se distribui renda e em consequência comida.

A fome precisa ser enfrentada hoje pela compaixão, como dizia Betinho, “fome tem pressa”. Não haverá distribuição imediata de comida sem empatia com a necessidade de alguns e sem indignação com o excesso de outros. A fome pode diminuir e até ser superada com um programa de distribuição de comida, como iniciado nos anos 90, no governo Itamar; consolidado em 2001, com o Bolsa Escola Nacional no governo FHC; e sua ampliação, em 2004, com o Bolsa Família no governo Lula. Mas este mecanismo de ajuda não amplia a renda social, apenas distribui mínimas rendas, e não resiste à recessão e ao desemprego ou a uma epidemia sanitária ou à retomada da inflação.

Continua após a publicidade

A fome voltou porque ela continuava viva, latente, na baixa renda per capita e sua péssima distribuiçao. Tiramos o Brasil do mapa da fome, mas não eliminamos as causas que a provocam. Demos ajuda aos adultos que precisavam, mas não lhes demos a vacina que ssria escola de qualidade para seus filhos.

Agora, quando ela ressurge, mais uma vez propomos diminuir sua dimensão, mais uma vez com as mesmas medidas emergrnciais, mudando apenas o nome para Auxílio Brasil.

Mas para eliminar definitivamente a fome, o Brasil precisa aumentar a produtividade dos brasileiros, para elevar a renda média, e de reforma estrutural para que a renda nacional seja bem distribuída entre os brasileiros; estes dois propósitos am por educação de qualidade para todos.

* Cristovam Buarque é ex-senador, ex-governador e ex-ministro. É também uma das vozes mais lúcidas da política brasileira

Publicidade

Matéria exclusiva para s. Faça seu

Este usuário não possui direito de o neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu

ABRIL DAY

Digital Completo 6o121u

o ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas 1,99/mês*

Revista em Casa + Digital Completo 2g6h51

Receba 4 revistas de Veja no mês, além de todos os benefícios do plano Digital Completo (cada edição sai por menos de R$ 9)
A partir de 35,90/mês

*o ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$23,88, equivalente a R$ 1,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.