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Ela é fera: Patricia Bullrich pode ser a próxima presidente argentina? 4s4s2u

Derrotar o peronismo seria apenas uma das tarefas da mulher que primeiro precisa ganhar a candidatura pela frente oposicionista de centro-direita 3psw

Por Vilma Gryzinski Atualizado em 14 Maio 2024, 00h23 - Publicado em 10 jul 2023, 07h36

Num país de mulheres fortes na política, Patricia Bullrich não faz feio. Ao contrário, abriu a cotovelas um espaço que parecia impossível e agora quer continuar distribuindo pancadas até chegar à Casa Rosada.

Disse ela no lançamento do vídeo da campanha que faz para ser eleita, nas primárias de 13 de agosto, a candidata a presidente da coalizão oposicionista Juntos pela Mudança:

“Se estivéssemos num país normal, talvez fosse suficiente um bom ou um teórico da economia. Mas não estamos vivendo num país normal. Estamos vivendo na Argentina”.

As referências, sem nomes, são a seu principal adversário no Juntos, Horacio Rodríguez Larreta, prefeito de Buenos Aires, visto como um político estável e equilibrado — embora as provocações de Patricia o tenham tirado um pouco do sério. Com mais longo alcance, ela também inclui no pacote o ultraliberal Javier Milei, um fenômeno populista com propostas econômicas tão estonteantes que as chama de “projeto motosserra” (e talvez um caso psiquiátrico: segundo uma nova biografia, ele disse que já viu “três vezes a Ressurreição de Cristo, mas não posso contar; diriam que estou louco”).

Milei refluiu e agora está envolvido num escândalo de acusações de venda de candidaturas pelo partido que criou do nada, A Liberdade Avança. Com o refluxo de Milei, Patricia Bullrich é a mais beneficiada pelos votos de um eleitorado mais inclinado à direita.

As palavras finais de seu vídeo de campanha não poderiam sintetizar melhor a mensagem conservadora: “Ordem, coragem, valentia e decisão”.

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Essa imagem de boa de briga, construída quando foi ministra da Segurança de Mauricio Macri, é uma das maiores vantagens de Patricia. E, também, seu ponto fraco. O estado de permanente e extrema polarização da Argentina pode cansar ou assustar eleitores de um país em que até o fraco Alberto Fernández deu de fazer declarações destemperadas. Como ele apenas faz de conta que governa, estando o verdadeiro poder político e de decisão dividido entre a vice que o elegeu, Cristina Kirchner, e o ministro da Economia e candidato de união do peronismo, Sergio Massa, o que Alberto diz conta pouco.

Patricia e Larreta estão empatados na casa dos 15% dos votos, o que aumenta a emoção sobre o resultado das primárias.

O estilo de Larreta é mais discreto, mas não pode fugir da briga quando Patricia o chama para a arena — da última vez, disse que era um aproveitador e oportunista por criticar o governo Macri e dizer que não ia seguir seus os. Macri deu terrivelmente errado e não é um exemplo a ser imitado, com toda certeza, mas pobre de quem quer ver lógica no debate político argentino.

Parte da segurança da pré-candidata, que é senadora pelo PRO — Proposta Republicana — vem de berço, tendo nascido Patricia Bullrich Luro Puyrredón, sobrenomes importantes da política argentina e da elite agrária — o Bullrich vem da família paterna, que havia sido proprietária da casa de leilões de gado onde depois foi construído o shopping center que todos os brasileiros que vão a Buenos Aires conhecem.

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A candidata já abriu seu apartamento, um imóvel de classe média todo decorado em branco de 120 metros quadrados, bem arrumado mas nada luxuoso. Não esconde a origem. Também não esconde a original trajetória: filha da elite, como tantos outros jovens argentinos aderiu à esquerda, mas jura nunca ter militado nos Montoneros, grupo armado do qual seu cunhado, Gerardo Rico, era um dos principais dirigentes.

Ficou exilada nos anos terríveis da ditadura no Brasil, México e Espanha. Voltou à Argentina e foi eleita deputada pelo peronismo, o que lhe dá a vantagem de conhecer por dentro a máquina populista.

A esquerda não perdoa a “traição”. Um de seus integrantes, o jornalista Juan Gasparini, diz que ela “foi uma das principais incentivadoras”, durante o exílio na Espanha, da trágica contraofensiva montonera lançada contra o regime militar em 1979, que dizimou a organização peronista de esquerda. “Mas na hora de subir no avião, saiu correndo”.

Muito do estilo agressivo da candidata certamente remonta à época da militância esquerdista, um fértil terreno que já deu à Argentina Eva Perón e Cristina Kirchner (a direita peronista deu Isabelita Perón, presidente depois da morte do marido, mas ninguém quer recordar esse pesadelo). Diga-se o que for de Cristina, é impossível deixar de reconhecer que é forte, carismática e hábil nas negociações políticas. Agora, está apoiando Sergio Massa, tendo desistido, inteligentemente, de seu predileto, o sem chances Wado de Pedro.

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O peronismo vê a eleição como uma luta pela sobrevivência e, na hipótese de que Patricia Bullrich ganhe a candidatura, será uma luta feroz, com todo tipo de golpe sujo da longa lista em que o curioso partido, uma incompreensível, a olhos estranhos, mistura de diferentes forças políticas, é mestre.

“Eu poderia ter feito uma carreira diferente no Partido Justicialista, fechar os olhos e não escutar muitas coisas”, já disse ela.

De olhos bem abertos, está travando um embate daqueles com Rodríguez Larreta. A imagem de durona, remontando à época em que saía de uniforme camuflado quando era ministra da Segurança, ajuda num momento em que a criminalidade se espalha em níveis brasileiros pela outrora segura Argentina e está no alto da lista de preocupações da população — só não ocupa o primeiro lugar porque a inflação de mais de 100% não deixa.

Temos assim uma situação tipicamente argentina: o candidato do governo esquerdista é o ministro que preside a emergência econômica e tem o apoio dos mercados, a candidata da direita foi militante de esquerda e o candidato alternativo, tendo construído sua fama meteórica como alternativa radical ao sistema, aparece na mais tradicional das maracutaias, a venda de candidaturas.

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Definitivamente, não é um país normal, como disse Patricia. Horacio Rodríguez Larreta tem a seu favor o perfil menos tempestuoso. Mas isso também pode contar pontos contra. Como debater racionalmente, por exemplo, com um candidato como Javier Milei?

“Milei provavelmente não é o único candidato argentino que não aria numa perícia psicológica”, escreveu Jorge Fernández Díaz no La Nación sobre a nova biografia do “anarcocapitalista”, intitulada, simplesmente, O Louco.

É nessas horas que se pensa em Patricia Bullrich.

Quem pode lidar com Milei e querer ser presidente de um país onde a taxa de juros básicos está a 97% e o ministro da Economia é considerado um candidato viável? Pois é o tipo de situação em que Patricia Bullrich se sente confortável. Governar, evidentemente, seria um jogo muito diferente.

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