Inteligência artificial aponta possível tratamento para Alzheimer 553z21
Graças à tecnologia, pesquisadores conseguiram entender relação entre a enzima PHGDH e a doença — além de testar molécula que reduziu seu avanço em cobaias 596x

Vira e mexe, surgem notícias animadoras do uso de inteligência artificial em estudos científicos. A mais recente delas vem da Universidade da Califórnia em São Diego (UCSD), e pode trazer esperança a milhões de famílias ao redor do mundo.
Uma equipe de pesquisadores descobriu, com a ajuda de IA, que uma enzima chamada PHGDH (sigla em inglês para fosfoglicerato desidrogenase), antes vista apenas como um “marcador” da Doença de Alzheimer, pode ser uma de suas causas. Ou seja, em vez de apenas apontar que alguém teria chance de desenvolver a doença, teria relação com seu desenvolvimento.
Isso acontece porque a PHGDH, que é essencial para o funcionamento do cérebro pois produz um aminoácido chamado serina, pode desregular o funcionamento das células cerebrais, levando aos primeiros sinais da doença. A pesquisa da UCSD foi publicada na revista Cell, uma das publicações científicas mais prestigiadas do mundo, que normalmente publica artigos centrados em inovações nos ramos de biologia e medicina.
Como a IA pode foi utilizada na pesquisa da UCSD?
Os cientistas usaram inteligência artificial para criar modelos precisos da estrutura molecular da PHGDH, e isso permitiu visualizar uma parte da proteína que se liga ao DNA e ativa genes problemáticos.
A IA também entrou em campo para ajudar a identificar maneiras de inibir essa atividade. Assim, os pesquisadores chegaram à hipótese de que a molécula NCT-503 seria uma boa candidata para a tarefa. O principal desafio, aqui, era bloquear apenas a função secundária da PHGDH, sem afetar sua função principal.
Em testes com camundongos, o estudo reduziu a progressão do Alzheimer, melhorando memória e reduzindo ansiedade. Claro, ainda serão necessários estudos com humanos e há um caminho extenso pela frente, mas essas descobertas jogam luz sobre uma doença que sempre desafiou a ciência.

Inteligência artificial já previu Alzheimer com mais de 80% de precisão
A pesquisa da UCSD se destaca por apontar um possível tratamento, ainda que distante. Outros casos de aplicação de IA no combate ao Alzheimer têm sido focados no diagnóstico precoce.
Pesquisadores da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, criaram uma inteligência artificial capaz de prever com mais de 80% de precisão o risco de desenvolvimento de Alzheimer em pessoas com sinais iniciais de demência. O modelo foi testado com dados de mais de 1.900 pessoas dos EUA, Reino Unido e Cingapura, e as previsões foram confirmadas com acompanhamento de seis anos.
Em 2023, uma pesquisa da norte-americana University of Southern California treinou algoritmos para analisar imagens de ressonância magnética e detectar Alzheimer, identificando padrões invisíveis aos médicos.
Aqui no Brasil, cientistas da Universidade Estadual Paulista (Unesp) desenvolveram no ano ado métodos computacionais para classificar Alzheimer a partir de sinais de eletroencefalorgrama, analisando 184 pacientes.
Quanta gente sofre com Alzheimer ao redor do mundo?

As diferentes aplicações de IA no combate ao Alzheimer podem fazer diferença para milhões de famílias ao redor do mundo. Estima-se que mais de 40 milhões de pessoas convivam com esse mal, que é mais comum em quem tem acima de 65 anos. A prevalência aumenta com a idade: de 2% entre 65 e 69 anos, pode saltar para 36% dos idosos acima de 90 anos.
A IA como aliada chega em ótima hora, pois o envelhecimento da população mundial pode aumentar exponencialmente a quantidade de pacientes com Alzheimer e outras formas de demência. O cálculo atual é que esse número possa chegar a quase 75 milhões de pessoas em 2030, e 131,5 milhões em 2050.