As armadilhas emocionais da mente, segundo autora de mentoria para líderes 4k6z6o
Raquel Coutto lançou o livro 'Efeito 1%' que explica como a perfeição é inimiga do progresso de ações diárias 724t5s

Raquel Coutto entendeu desde cedo que a mente pode ser a maior inimiga do progresso. Mentora de líderes, a escritora lançou o livro Efeito 1% (ed.Gente), que analisa como a mentalidade de “fazer tudo ou nada” bloqueia as pessoas de seguir em frente com projetos. Em entrevista à coluna GENTE, Raquel afirma que, com os pequenos avanços diários – a execução do 1%, a mente sai do estado de inércia, atrelada na maioria das vezes a uma insegurança, gerando frustração e sobrecarga ao realizar tarefas cotidianas. Com uma abordagem e método próprios, a mentora formada em istração de empresas explica que é preciso manter pequenas metas, além de não se culpar caso algo não aconteça de maneira “impecável”.
O que é o “Efeito 1%”? É um método de performance sustentável, que mostra como pequenas ações diárias, feitas com intenção e consistência, têm o poder de transformar resultados pessoais e profissionais. A proposta é abandonar a mentalidade do “tudo ou nada” e a busca por mudanças drásticas, e focar em pequenos avanços diários — execução de 1% todos os dias.
Como ele pode ajudar a destravar nossa mente? Essa abordagem elimina o peso da perfeição e da cobrança excessiva. Muitas pessoas ficam paralisadas esperando o momento ideal ou condições perfeitas para começar algo. Quando você entende que basta um pequeno o por vez, sua mente sai do estado de bloqueio e entra em movimento. O 1% não assusta, não sobrecarrega e, justamente por isso, faz a pessoa agir. E quando a gente executa, a confiança aumenta naturalmente.
Como a senhora criou a metodologia dos seis os? A partir da minha vivência prática como mentora de líderes, empresários e empreendedores e da minha própria experiência como empresária. Sempre observei que o maior obstáculo para resultados consistentes não era a falta de conhecimento, e sim a dificuldade de manter a disciplina e executar com constância. Com base nisso, estruturei o método Efeito 1% em seis os simples e aplicáveis, que conduzem a pessoa desde a clareza do objetivo até a construção de hábitos estratégicos e mensuração do progresso.
Tem exemplos concretos de que funciona? Um exemplo concreto foi de uma empresária que me procurou, porque estava há meses travada para iniciar a reestruturação de sua equipe. Ela se sentia sobrecarregada, sem energia para começar, e já havia adiado essa decisão diversas vezes por medo de conflitos e insegurança sobre o impacto no time. Aplicamos o Efeito 1% começando por uma única ação diária: quinze minutos por dia mapeando as funções e refletindo sobre o que realmente era prioridade no negócio. Em poucos dias, ela percebeu que o problema não era a complexidade da tarefa, e sim a falta de clareza e a sobrecarga emocional acumulada. Em duas semanas, ela já havia reorganizado funções, realocado pessoas chave e enxergado melhorias no clima da equipe e na própria produtividade.
A mente pode ser a nossa maior inimiga? Sim. E a maior parte dos bloqueios que enfrentamos não são externos, são internos. A mente, para nos proteger, muitas vezes cria armadilhas emocionais: a procrastinação, o medo de errar, a auto cobrança excessiva e a comparação constante com os outros.
Essa trava tem a ver com insegurança? Isso, a trava mental está muito ligada à insegurança. Quando a pessoa duvida da própria capacidade ou sente medo de errar e ser julgada, ela paralisa. E essa insegurança pode ser potencializada pela falta de clareza nas informações e pela pressão por resultados rápidos, principalmente no ambiente digital.
Qual é a geração mais afetada por esse efeito? Vejo que as gerações Y e Z são as mais afetadas. A geração Y, porque carrega o peso da autossuficiência, querendo provar o tempo todo que dá conta de tudo; e a geração Z por crescer num cenário de alta exposição, comparação social intensa e a cultura da recompensa instantânea. Isso cria um ambiente emocional propício para ansiedade, procrastinação e dificuldade em manter foco e constância.
Como mudar a mentalidade para que se possa agir de maneira mais instantânea? A mente trava quando acredita que só vale a pena agir se for para fazer tudo, de forma impecável e no momento certo. Quando você muda esse padrão e a a valorizar o movimento imediato, mesmo que pequeno, começa a criar novas conexões mentais que favorecem a ação. Muita gente espera se sentir pronta ou confiante para começar, quando na verdade, a confiança nasce da prática.
Qual é a estratégia para “desbloquear” a mente? Uma estratégia prática é estabelecer o que chamo de ação mínima viável, aquela primeira atitude tão simples que é impossível não fazer. Pode ser enviar uma mensagem, anotar uma ideia, fazer cinco minutos de leitura ou iniciar um esboço de projeto. Essa pequena execução quebra a inércia mental e, com o tempo, forma uma nova referência de que o importante é começar, não acertar tudo. Além disso, substituir pensamentos como “preciso resolver tudo agora” por “o que eu consigo fazer agora"> alivia a pressão e reposiciona o foco para a ação possível, que gera progresso real.
Como mudar essa mentalidade? A mentalidade se molda pela repetição, então quanto mais a pessoa pratica essas microações instantâneas, mais natural e automática essa postura se torna no dia a dia. A ação precede a motivação — e não o contrário.