Como Virgínia Fonseca zombou do Brasil – com ajuda de políticos fanfarrões 20j46
Influenciadora e apresentadora do SBT prestou depoimento nesta terça-feira, 13 4i6r57

Um figurino propositalmente pensando para dar sua mensagem por completo: moletom com a foto da filha e maquiagem leve; óculos de grau e cabelo escovado. Um tom de voz que parecia de uma menina ingênua que nada sabe ao ser questionada lá do fundo da sala pela professora arguidora. Um sorriso cínico, que beira o deboche típico dos adolescentes que não medem as consequências de seus atos. Um ório que comporia sua cena desastrada e pronta para viralizar: uma garrafa de água rosa com canudo.
Tudo foi orquestrado por Virgínia Fonseca para fazer a “audiência” explodir em sua ida à I das Bets, nesta terça-feira, 13. Sabendo lidar com imagem como muitos de sua geração, ultraconectada e perfilada por filtros pensados para embelezar sua mensagem, a influenciadora quase nada contribuiu ao depor diante de políticos, alguns deles, é claro, fanfarrões de celulares em punho, à procura de selfies. No fundo, estavam (quase) todos ali para garantir seu engajamento nas redes num dia animado em Brasília.
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O senador Cleitinho (Republicanos-MG) pediu não uma foto, mas um vídeo com a influenciadora, após defendê-la como “fonte de riqueza”. Aos colegas parlamentares, classificou-os de “fonte de despesa”. Mais tarde, jogou a culpa pela selfie a um pedido “irrecusável” da esposa. Mas não foi só ele.
A senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS), relatora na I que investiga os jogos de azar, também tirou foto com Virginia. Ao final, justificou como um pedido da própria interrogada. Sobrou até para o marido da influenciadora interrogada, o cantor Zé Felipe, presente no recinto. Durante depoimento, o presidente da comissão, senador Dr. Hiran (PP-RR) disse discordar sobre o elogio que ela fizera sobre a “beleza” do marido. Foram risos para todos os lados.
O Brasil assistiu nesta terça-feira a um descalabro de uma Comissão de Inquérito que tem como objetivo investigar a crescente influência de jogos de apostas online no orçamento de famílias brasileiras, além da possível associação de plataformas com organizações criminosas em lavagem de dinheiro. A Comissão também investiga no Senado o uso de influenciadores digitais na divulgação desse tipo de atividade. Portanto, criadores de conteúdo – como Virginia, Adélia, Giliard (filho de Deolane Bezerra), Rico Melquiades e Felipe Prior – foram convocados como testemunhas para esclarecimentos. O assunto é sério, e ninguém deveria duvidar disso. Jogos de azar têm levado muitas famílias à falência financeira, sem o menor controle de gastos ou de licença de sua atuação no país. Tudo sob a luz de celebridades digitais que faturam alto com seus, de novo, engajamentos libertinosos.
As risadas de Virginia, suas caras e bocas, interrogações de “não entendi” para perguntas simples… Tudo compôs perfeitamente ao que ela própria soube conduzir diante de políticos que estavam ali para garantir seus likes. O tom jocoso que a I deu ao país foi resumido pelo senador Cleitinho, ao término, com um conselho pastoral. “Agora, Virginia, eu queria falar para você, se tocar o seu coração, como um cristão, você não precisa mais disso. Acaba com isso, não faz mais esse tipo de propaganda, de divulgação não”, disse, arrematando uma pérola de sincericídio que cutucava a si mesmos e a seus pares engravatados. “A política não tem moral para falar da Virginia, zero moral”. Enquanto a política se apequenou nesses gestos, Virginia foi embora maior, com mais seguidores conquistados por ali.