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Ex-banqueiro do Goldman Sachs é condenado por fraude bilionária que bancou até filme de Scorsese

Crime desviou 4,5 bilhões de dólares do fundo soberano da Malásia. Dinheiro bancou festas luxuosas e até o filme "O Lobo de Wall Street"

Por Márcio Juliboni Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 30 Maio 2025, 15h56 - Publicado em 30 Maio 2025, 15h49

O ex-banqueiro do Goldman Sachs Tim Leissner foi condenado a dois anos de prisão por uma corte de Nova York, nos Estados Unidos, por participar de uma das maiores fraudes financeiras da história, segundo a imprensa americana. Como principal executivo do banco no Sudeste Asiático, Leissner ajudou a estruturar, em 2009, o fundo soberano da Malásia, batizado de 1MDB (1Malaysia Development Berhad), com o qual foram captados 6,5 bilhões de dólares. Autoridades malaias e americanas, no entanto, estimam que 4,5 bilhões de dólares foram desviados do fundo com a ajuda de Leissner.

A fraude foi denunciada em 2015, quando 227 000 documentos detalhando o esquema foram vazados ao jornal The Wall Street Journal e à jornalista britânica Clare Rewcastle-Brown. Além de Leissner, alguns dos envolvidos eram o então primeiro-ministro da Malásia, Najib Razak, que ocupava o cargo de presidente do conselho do 1MDB, e o financista malaio Jho Low, considerado foragido.

Leissner foi preso nos Estados Unidos em 2018, logo após Razak perder as eleições em seu país para Mahathir Mohamad, que determinou que o fundo soberano fosse investigado. Na ocasião, a polícia malaia descobriu joias e artigos de luxo avaliados em 273 milhões de dólares em propriedades de Razak. As investigações revelaram ainda que o 1MDB bancou a compra de imóveis de luxo em Manhattan e Bervely Hills, nos Estados Unidos, um jato executivo de 32 milhões de dólares e um iate de 260 milhões.

No total, estima-se que Razak tenha desviado para suas contas, pelo menos, 756 milhões de dólares. As investigações do FBI revelaram que Leissner recebeu 73,4 milhões de dólares por sua participação na fraude.

Um aspecto curioso do caso é a ligação das autoridades malaias com artistas americanos. Os desfalques do 1MDB financiaram a compra de um quadro do artista espanhol Pablo Picasso, avaliado em 3,2 milhões de dólares e dado de presente ao ator Leonardo Di Caprio. O ator também surge em outro episódio da fraude, no melhor estilo “a vida imita a arte”. Os investigadores descobriram que 60 milhões de dólares do esquema foram usados para financiar o filme “O Lobo de Wall Street”, dirigido por Martin Scorsese e estrelado por Di Caprio.

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O filme conta a história real de Jordan Belfort, investidor que fez fortuna no mercado financeiro americano, fundou a corretora de valores Stratton Oakmont. Em 1999, foi indiciado pelos crimes de fraude financeira e lavagem de dinheiro. Após colaborar com as investigações e denunciar diversos parceiros de negócio, Belfort foi condenado a quatro anos de prisão em 2003.

Os desfalques do 1MDB também patrocinaram uma festa de aniversário para Jho Low que contou com apresentações ao vivo de estrelas como Jamie Foxx, Chris Brown, Ludacris, Busta Rhymes e Pharrell Williams. Na hora do “parabéns pra você”, ninguém menos do que a cantora Britney Spears saltou de dentro do bolo.

Na audiência final do processo contra Leissner, nesta quinta-feira 29, o ex-executivo do Goldman Sachs pediu clemência por colaborar com as autoridades policiais e de fiscalização e esperava não ser preso. A juíza do caso, Margo Brodie, no entanto, declarou que a “conduta descarada e audaciosa” do ex-banqueiro era justamente o que lhe permitiu colaborar com a justiça. Brodie citou uma carta enviada pelo Goldman Sachs ao tribunal, na qual o banco afirma que o ex-funcionário enganou a instituição por anos, levando-a a enfrentar o único processo criminal em 156 anos de existência. Em 2020, o banco foi condenado pela justiça americana a pagar uma multa de 2,9 bilhões de dólares por violar a lei anticorrupção do país.

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