Mercado de trabalho dos EUA começa a mostrar rachaduras
Pedidos de auxílio caem a 227 mil, abaixo do esperado e no menor nível em 4 semanas

Os pedidos iniciais de auxílio-desemprego caíram para 227 mil, na semana encerrada em 17 de maio, uma redução de 2 mil em relação à semana anterior. O número veio abaixo das expectativas de analistas, que previam uma alta para 230 mil, e representa o menor patamar em quatro semanas.
O resultado reforça a narrativa de que, embora a economia esteja enfrentando ventos contrários — como o aperto monetário promovido pelo Federal Reserve (banco central americano, Fed) e o aumento do pessimismo empresarial —, o emprego ainda permanece resistente. Ao menos por ora, não há indícios claros de deterioração abrupta no ritmo de contratações, mas sinais de desgaste já começam a surgir.
Os chamados pedidos contínuos de auxílio-desemprego, que contabilizam pessoas que permanecem desempregadas e buscam trabalho, aumentaram em 36.000 na semana anterior, totalizando 1.903.000. Esse volume superou as expectativas do mercado, que projetavam 1.890.000. O avanço indica que, embora as demissões não estejam se acelerando de forma significativa, há maior dificuldade para recolocação dos trabalhadores.
A média móvel de quatro semanas — considerada um termômetro mais confiável por suavizar oscilações pontuais — também acendeu um sinal de alerta. Ela subiu para 1.887.500, o nível mais alto desde novembro de 2021. Naquela época, os EUA ainda se recuperavam dos estragos causados pela pandemia. O dado atual pode estar sinalizando o início de uma mudança de fase no mercado de trabalho, que até aqui resistiu com vigor.
O contexto político conturbado e a cautela de empresas em expandir suas operações diante da indefinição sobre os rumos da política fiscal e monetária contribuem para o aumento da insegurança.