Abril Day: Assine Digital Completo por 1,99

‘Repercussão é positiva’, diz Tabet, sobre especial do Porta dos Fundos 104p42

Desde que chegou à Netflix, o filme de Natal do grupo de humoristas mobiliza polegares frenéticos nas redes sociais 2c2v6t

Por Maria Clara Vieira Atualizado em 4 jun 2024, 14h48 - Publicado em 20 dez 2019, 06h00

Depois de quarenta dias em retiro no deserto, Jesus volta para casa e encontra uma festa-surpresa pelo aniversário de 30 anos. Esperam por ele sua mãe, Maria, os três reis magos, o pai, José, parentes variados e o “tio Vitório”, que é Deus disfarçado para não confundir a cabeça do menino (explicação materna). Mas Jesus (Gregório Duvivier) não chega sozinho: acompanha-o o loiro Orlando (Fábio Porchat), cheio de trejeitos, óbvio parceiro em seu primeiro embate (e derrota) diante das tentações. Esse é o mote da trama escrachada — típica do Porta dos Fundos — que chegou ao serviço de streaming Netflix há três semanas e, desde então, mobiliza polegares frenéticos nas redes sociais. Tem deputado federal evangélico exigindo que o ministro Sergio Moro encabece uma representação criminal contra o grupo de humoristas, outro acionando a Procuradoria-Geral da República para impedir que a Netflix, uma empresa privada, veicule o que bem entender na sua programação, sem falar nos padres que aconselham os fiéis a cancelar a da plataforma.

“A repercussão no Brasil e no exterior vem sendo tão positiva que estamos animados. Mostramos, mesmo pela carapuça do acaso, que a homofobia ainda é uma triste — mas decrescente, graças a Deus! — realidade no país”, provoca o humorista Antonio Tabet, um dos criadores do canal (por sinal, o intérprete do tio Vitório). Em um ano de fartura de tentativas de cerceamento de conteúdo desagradável ao público conservador, o tema da liberdade de expressão volta à luz da maneira mais estapafúrdia: um esquete humorístico que ninguém é obrigado a ver. “O humor é um ácido que a tudo corrói”, lembra o filósofo Joel Pinheiro da Fonseca.

Fazer piada com a fé cristã não é prerrogativa da Netflix, nem do Porta dos Fundos, nem da comédia brasileira, nem mesmo do século XXI. “A brincadeira com a religião faz parte da história do cristianismo. Esse tipo de reação exacerbada mostra que o cristão moderno perdeu de vista a busca pelo eterno e se acomodou à lógica do mundo liberal”, ressalta o filósofo e escritor Francisco Razzo. A Netflix, que pela primeira vez em sua trajetória abriu os números de s no mundo — 158 milhões, quase 30 milhões deles na América Latina —, deitou e rolou (epa) com a polêmica, que contribuiu para fazer disparar a audiência. E, depois do Jesus gay, de Deus querendo convencer Maria a “fazer uma menina” e outras piadas do gênero, já antecipou: o Porta dos Fundos fará o especial de Natal de 2020. Quem não gostar sempre terá uma opção melhor do que a censura: não assistir, e pronto. É mais honesto, e mais fácil.

Publicado em VEJA de 25 de dezembro de 2019, edição nº 2666

Publicidade

Matéria exclusiva para s. Faça seu

Este usuário não possui direito de o neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu

ABRIL DAY

Digital Completo 6o121u

o ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas 1,99/mês*

Revista em Casa + Digital Completo 2g6h51

Receba 4 revistas de Veja no mês, além de todos os benefícios do plano Digital Completo (cada edição sai por menos de R$ 9)
A partir de 35,90/mês

*o ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$23,88, equivalente a R$ 1,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.