Como as reformas do papa Francisco transformaram a Igreja Católica 691z1v
Ele marcou um período de relevância histórica do catolicismo – sobretudo para uma instituição cujos movimentos são lentíssimos, atrelados a dogmas 574lt

O papa Francisco foi aclamado por trazer um sopro de renovação à Igreja Católica. Além de ter ocupado com figuras que refletem seu estilo pastoral e prioridades 111 das 141 vagas para cardeais responsáveis por eleger o próximo papa em um conclave, seu legado ganha continuidade pelas relevantes reformas que promoveu, sobretudo para uma instituição cujos movimentos são lentíssimos, atrelados a dogmas.
Foram várias as mudanças na Igreja Católica para mantê-la viva e relevante, especialmente na istração do Vaticano e na forma como o clero se relaciona com o mundo. As reformas istrativas implementadas por Francisco procuraram tornar a milenar instituição mais eficiente e transparente, enquanto ele, um papa de seu tempo, redirecionou a religião para assuntos de importância global.
Embora não se tratem de ações revolucionárias, são os além dos tomados por seus antecessores.
Ele chacoalhou o Vaticano 4r40w
Conselho de Cardeais Consultores: uma das primeiras ações de Francisco foi formar um conselho de cardeais para aconselhá-lo. Esta medida representou uma mudança significativa na forma como as decisões eram tomadas, indicando uma disposição para consultar outros líderes da Igreja, em vez de centralizar o poder nas mãos do papa.
Cerco à corrupção: o pontífice lançou uma investigação sobre o Banco do Vaticano, que há muito tempo era alvo de suspeitas de corrupção e lavagem de dinheiro, em um compromisso com a transparência financeira e o combate à corrupção dentro da Igreja.
Simplificação da Cúria: Francisco realizou esforços para modernizar e simplificar a istração do Vaticano, conhecida como Cúria Romana, aumentando a eficiência da burocrática instituição.
A vez delas: o papa nomeou a freira Nathalie Becquart para um cargo de destaque no Dicastério para os Bispos, dando um o importante para incluir mulheres em posições de liderança na Igreja, embora ainda haja um longo caminho a percorrer nessa área. Também liderou o primeiro Sínodo dos Bispos, espécie de órgão consultivo do pontífice com o objetivo de traçar os rumos da Igreja, a permitir o voto de mulheres e de leigos.
Abusos do clero: o pontífice mexeu num vespeiro milenar ao estabelecer, em 2019, normas exigindo que a Igreja desse ouvidos às pessoas que acusam religiosos de abuso sexual. Essas normas garantem que as vítimas sejam “acolhidas, ouvidas e apoiados”, em vez do Vaticano defender imediatamente os clérigos. Também ficou conhecido por destituir o cardeal Theodore McCarrick, que enfrentava várias acusações de abuso sexual contra menores e adultos. McCarrick negou as acusações. (Nem tudo são flores, claro: Francisco itiu ue errou ao defender um bispo chileno, Juan Barros, que foi acusado de encobrir casos de abuso sexual por parte de padres. Embora o bispo tenha negado as alegações, o papa aceitou sua renúncia e afirmou: “Eu fazia parte do problema”.)
Um papa de seu tempo 5z2m4o
Crise climática: Francisco dedicou sua segunda encíclica, “Laudato si'”, à crise climática, colocando as questões ambientais no topo da agenda e seu desejo de que a Igreja desempenhe um papel ativo na proteção do planeta.
Diálogo Interreligioso: o papa viajou para diversos países de maioria muçulmana, buscando o diálogo e a cooperação com outras religiões. Sua abertura para trabalhar com líderes de outras tradições, como o Arcebispo de Canterbury e o Grande Imã de Al-Azhar, simbolizou a promoção da unidade e o respeito mútuo entre as diferentes crenças.
Linguagem ível: em 2017, divulgou um motu proprio, documento com força para alterar o Código de Direito Canônico, conjunto de normas jurídicas que regulam a organização da Igreja católica, pondo o latim na berlinda ao desestimular as missas feitas no velho idioma. A canetada contrariou desejo militante dos conservadores, alinhando seu papado com posturas mais progressistas.
Segredos revelados: o pontífice ordenou a abertura do Arquivo Secreto do Vaticano sobre a Segunda Guerra Mundial, pretendendo demonstrar mais transparência e a honestidade sobre o ado da Igreja, atendendo a demandas crescentes mundo afora. Os documentos revelaram, entre outras coisas, que o papa Pio XII sabia da existência de campos de concentração nazistas e que a Igreja Católica da Alemanha enviou informações detalhadas sobre os crimes cometidos contra os judeus ao Vaticano.
Acolhimento de temas polêmicos: Francisco, embora nunca tenha abandonado a doutrina, se mostrou aberto a abordar uma série de assuntos tabu, o que o distingue de seus antecessores. Ele se dispôs a debater abertamente temas como a homossexualidade, divórcio e sexo fora do casamento, permitindo inclusive a bênção a casais gays (mas não, como deixou claro, o matrimônio). Sobretudo, expressou a importância de distinguir entre os ensinamentos da Bíblia e a prática pastoral, sugerindo que a Igreja precisa rever sua postura sobre esses assuntos. A abertura para revisitar, e até mesmo revisar, dogmas é um dos pontos mais significativos de seu pontificado.
Apesar das reformas relevantes, Francisco sempre esteve bem ciente do ritmo com que o mundo eclesiástico gira. Certa vez, a propósito, lembrou uma emblemática frase do arcebispo belga Frédéric François Xavier de Mérode (1820-1874), conselheiro do papa Pio IX: “Fazer reformas em Roma é como limpar a esfinge do Egito com uma escova de dentes”. Poucas pessoas sabiam disso tão bem quanto Francisco.