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Por que os líderes dos países ricos amargam recordes de reprovação 3i741

Inábeis para lidar com as frustrações da população, eles facilitam o avanço da direita radical 8583o

Por Ernesto Neves Atualizado em 3 jun 2024, 16h56 - Publicado em 12 abr 2024, 06h00

No ano em que metade do planeta irá às urnas, os líderes das principais democracias se deparam com uma situação inédita: estão, todos e ao mesmo tempo, com a popularidade no fundo do poço. Eleitos, em geral, por margem de votos reduzida, dispondo de apoio precário no Parlamento e submetidos ao julgamento de populações que oscilam entre a raiva e a apatia, os governantes de Estados Unidos, França, Alemanha e Reino Unido, entre outros, atravessam seus mandatos como se caminhassem em um terreno minado, onde a política tal qual a conheciam é torpedeada, o centro se esvaziou e o conservadorismo se embrenha pelas brechas com vigor. Inábeis para lidar com o novo cenário, eles veem sua taxa de rejeição ultraar os 70%, batendo recordes históricos — fenômeno que não tem necessariamente a ver, como no ado, com quedas brutais de índices econômicos e de qualidade de vida. “Há um descolamento entre a realidade e a percepção das pessoas como poucas vezes se viu na história”, diz Justin Wolfers, professor de políticas públicas e economia da Universidade de Michigan.

Nos Estados Unidos, faltando sete meses para disputar a reeleição com Donald Trump, o presidente Joe Biden amarga 54% de rejeição, o pior patamar para um ocupante da Casa Branca no quarto ano de mandato desde a Segunda Guerra. E não há programa de incentivo, inflação relativamente controlada, desemprego em baixa e gracinhas no TikTok que consigam rebater seus principais pontos fracos: a idade avançada e a imagem de um mandatário de pulso fraco. Mais impopulares ainda (veja a tabela), Emmanuel Macron, da França, Rishi Sunak, do Reino Unido, Olaf Scholz, da Alemanha, e Fumio Kishida, do Japão, esperneiam para governar em meio ao clima de insatisfação generalizada.

desaprovação líderes

Segundo especialistas, uma série de choques recentes serve de catalisador para o descontentamento popular, puxados pela imigração ilegal — hoje maior do que nunca. A parcela da população que teme que os imigrantes suguem recursos públicos, roubem seus empregos e transformem a cultura nacional também se ressente de ver os ganhos proporcionados pela globalização concentrado nas elites, enquanto a classe média permanece estagnada. Uma pesquisa de 2023 mostrou que menos de 50% dos entrevistados em catorze países ricos acham que estarão “em melhor situação dentro de cinco anos”. Soma-se a isso o fato de o dinamismo econômico global haver se deslocado para a Ásia, sobretudo para a China, e dado marcha a ré nos países ricos.

Presos a um cenário com o qual não estão familiarizados, os partidos tradicionais mostraram-se ineficazes em combater as crescentes desigualdades, responder aos desafios da digitalização e reagir à crise climática e, assim, acabam ganhando eleições na posição de mal menor — o que resulta em governantes fracos. “Os eleitores sentem que as legendas centristas não representam suas opiniões”, afirma Sonnet Frisbie, especialista em inteligência política da consultoria Morning Consult. Aberto o espaço, a extrema direita avança em toda parte, com seu discurso populista que promete proteger e incluir aqueles que se sentem deixados para trás, seguidamente ecoado e replicado nas redes sociais. Os ultradireitistas são atualmente a opção de um quarto dos europeus e podem se tornar um bloco influente na votação para o Parlamento Europeu, em junho. Diante dessa perspectiva, e da possibilidade de retorno de Trump nos Estados Unidos, restará a seus opositores repetir o gesto que todos sabem estar longe do ideal: votar num nome que consideram o menos pior, num ciclo vicioso.

Publicado em VEJA de 12 de abril de 2024, edição nº 2888

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