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A neve é a nova praia 1k4616

Em pleno verão, os brasileiros estão invadindo as pistas de esqui da Europa e dos Estados Unidos, a ponto de já existir até instrutor que fala português 3c5k1m

Por Isabela Izidro Atualizado em 4 jun 2024, 17h24 - Publicado em 8 dez 2017, 06h00

Turismo no verão traz à mente praia, sol, corpo bronzeado, roupas leves, chinelos de dedo. Ou não. Nos últimos anos, uma legião de brasileiros vem dando as costas a tudo isso e tomando o avião para o inverno na Europa e nos Estados Unidos com um propósito tão firme quanto propenso a hematomas: esquiar na neve. As agências de viagem contabilizam um aumento de 30% a 40% nas vendas de pacotes para essas estações de esqui só da temporada de 2016 para a deste ano (a alta temporada vai de novembro a abril). Não é de hoje que brasileiros viajam para esquiar, mas o volume de pacotes vendidos indica certa popularização de um hábito considerado de elite. Também representa um desvio, enfim, da rota estabelecida nos primórdios da massificação do turismo, que a por Orlando, na Flórida, e pelos estrelados resorts à beira-mar.

A bola de neve do turismo gelado não rola agora nas montanhas da Argentina e do Chile, nevadas quando é inverno no Brasil e desde sempre o destino preferencial dos esquiadores brasileiros. Elas vêm sendo substituídas pelas pistas do Hemisfério Norte. Na ponta do lápis, a matemática pesa a favor. “Os pacotes para a América do Sul estão tão ou mais caros do que opções na Europa e nos Estados Unidos, locais em que as condições de neve são muito melhores e há eios para todos os gostos”, explica Luis Fernando Pegado, dentista de Niterói que já viajou para esquiar mais de trinta vezes e hoje organiza grupos para turismo na neve.

Os destinos mais procurados são as estações em torno das cidades de Aspen e Vail, ambas no rochoso Estado do Colorado, nos Estados Unidos, e os dezenove resorts de neve na Itália, França e Alpes Suíços, todos sob a bandeira do Club Med, a maior rede de hospedagem para esquiar da Europa. Em todos eles, o Brasil ocupa lugar de destaque no pódio dos grandes mananciais de turistas, a ponto de vários oferecerem instrutores que falam português. No mercado americano, os brasileiros só perdem para a Austrália, em Aspen, e para o México, em Vail. “Desde 2010 o Brasil se mantém consistentemente, ano após ano, entre os principais mercados internacionais de esqui”, avalia Sarah Morden, representante da Vail Resorts. Na Europa, o país fica atrás de França, Reino Unido, Bélgica e Estados Unidos, onde os nativos esquiam desde criancinhas, mas é primeiríssimo se comparado a outros locais onde quase não há neve. “Os brasileiros estão entre os principais consumidores dos pacotes de esqui nos nossos resorts na Europa, e seu interesse não para de crescer”, comemora Janyck Daudet, CEO do Club Med na América do Sul.

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(Arte/VEJA)

O frio atraiu o economista carioca Miguel Albano, de 56 anos, pela primeira vez em 2015, por influência da namorada, já veterana. Ele aprovou, voltou e tem nova viagem planejada. “Foi mais fácil do que eu esperava”, diz. Apaixonada pelo esporte, a bióloga paulistana Jaqueline Macedo, de 52 anos, esquia todo janeiro, sem exceção, na companhia do marido e das três filhas, as gêmeas Stephanie e Sofia, de 12 anos, e a caçula Vitória, de 11. “Começamos na América do Sul, quando as meninas tinham 3 e 4 anos. Depois amos para os Estados Unidos e a Europa. Minhas filhas hoje esquiam muito melhor do que eu”, avalia Jaqueline. Sofia desliza com tanta habilidade que, no início do ano, venceu um torneio na estação sa em que a família se hospedava e foi convidada a ficar e até a se profissionalizar. Mas não aceitou.

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Quem começa a ver a neve como a melhor opção do verão, no entanto, deve ajustar os óculos de proteção com os olhos bem abertos. Primeiro: esquiar é caro. Nos Club Med europeus, o pacote de uma semana varia de 4  500 (baixa temporada) a 8 500 reais (alta temporada) por pessoa, sem contar a agem e o equipamento, mas incluindo refeições, bebidas e aulas. Em Aspen, a hospedagem pura e simples pode chegar a 10 500 reais por pessoa por semana. “A principal diferença entre os dois destinos é que as estações europeias são menos preocupadas em mimar turistas, já que lá esquiar faz parte da cultura, ao o que as americanas têm como foco esbanjar qualidade e garantir a volta dos hóspedes, que às vezes nem se arriscam nas pistas”, explica Sylvio Monti, de 60 anos, esquiador e proprietário da Snowtime, uma agência de viagens especializada nesse tipo de pacote.

Além do preço, é preciso ter em mente que esquiar não é para qualquer um. O esporte exige preparação e razoável condição física. Para iniciantes, é essencial prestar atenção a cuidados básicos: usar roupas demais, uma tentação frequente, pode ser uma fria, e a lentidão sobre esquis muitas vezes é sinônimo de queda (veja o quadro ao lado). “Felizmente, a curva de aprendizado é muito rápida. Os brasileiros costumam chegar com o pé atrás, mas logo vencem a barreira psicológica de quem estava acostumado a praia e calor e só via neve na novela”, garante Eduardo Gaz, proprietário da operadora Ski Brasil, que vendeu mais de 6 000 viagens na temporada de 2017. Superados os obstáculos, basta pôr um esqui em cada pé, segurar um bastão em cada mão e partir para a aventura na neve. Ou para o próximo tombo.

 

Publicado em VEJA de 13 de dezembro de 2017, edição nº 2560

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